21 de mar. de 2008

Certamente havia um semáforo

Perdi-te num dos cruzamentos da vida,
Certamente havia um semáforo
Tu avançaste, e eu não.

Lembro-me que os teus dedos ficaram marcados na minha mão
Fugindo dos meus e da minha vontade de te reter.
Procurei-te quando o sinal mudou
Esperando que no outro lado da rua a tua impaciência me aguardasse,
E dissesses, como sempre, quando me distraio,
- Mais uma vez ficaste para trás.

Mas de ti não vi nenhum sinal.
Nem nas calçadas os teus pés,
Nem nas ruas o teu vulto,
Nem a tua roupa sobressaía da multidão.
Desapareceste como se te tivesses escondido
E pretendesses reaparecer mais tarde com uma desculpa qualquer que eu aceitaria
E que justificaria as horas de busca e solidão.

Mas as horas foram passando e tu não aparecias,
E dos meus dedos desapareceram as marcas dos teus.
Corri pela cidade murmurando o teu nome,
Procurando a tua mão a apertar-me os dedos
E a marcá-los de vontade de ficar.
Mas só o vazio me esperava.
E nunca a casa me pareceu tão grande
Porque só minha,
Porque não nossa…

Porque havia um semáforo
Tu avançaste
E eu não.

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